quinta-feira, 9 de julho de 2009

Salmo 75, versículo 5: não levanteis os cornos

© Nuno Ferreira Santos / Público

“... Pinho viveu lá fora, é íntimo do mundo financeiro e colecciona fotografia. Assinalar esta paixão não é mero retoque cultural na biografia do ex-ministro. Pelo contrário, a noção do valor da imagem como agente impulsionador da acção política foi um activo essencial da gestão de Pinho, quer na sua relação com Sócrates quer na projecção da sua própria função ministerial.”
“... Para Manuel Pinho, a política deveria ser tratada como um fotograma de Man Ray, o genial artista que ele tanto admira e com quem certamente partilha uma certa consideração pela irrelevância do real. Ray criava novas realidades a partir da desconstrução ou da descontextualização dos objectos; Pinho adorava coreografar o poder, do qual fazia parte, retirando-o do contexto de dificuldades e de injustiças em que vivem milhões de portugueses.”

Fonte: Áurea Sampaio / Visão

"... O ex-ministro já tinha previsto o fim da crise mesmo antes dela se agravar, já tinha apelado ao investimento estrangeiro argumentando que os portugueses ganham pouco, já tinha garantido a salvação de empregos que acabaram por se perder, já tinha até violado a lei (quando fumou a bordo de um avião, na companhia do primeiro-ministro). Nunca teve o lugar em perigo. Mas quem faz corninhos ao Bernardino Soares tem de sair. Será importante não esquecer que Manuel Pinho era Ministro da Economia e da Inovação. E deve assinalar-se o sentido do dever que manteve até ao último minuto em funções: caiu, mas caiu a inovar. Nunca antes um Ministro da Economia havia sido demitido por falta de educação. A um Ministro da Economia não se exige muito - nem sequer que saiba de economia. Entre as regras da civilidade e as da economia, o ministro deve dominar as primeiras. As outras, logo se vê."

Fonte: Ricardo Araújo Pereira / Visão

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